Qualquer um de nós tem a mesma sensação quando olha para os cartazes em dos filmes em exibição nos multiplexes nacionais. Parece tudo o mesmo filme ou então parecem todos cópias de um estilo específico. Olhamos para qualquer cartaz e percebemos rapidamente a história do filme, o seu progresso e o final. É a triste verdade. Em termos cinematográficos, os nossos salas alimentam-nos sempre a mesma porcaria. Ocasionalmente um improvável filme extra-Hollywood fura esta lobby americanizado do “Tudo o que não é Hollywood é mau!”. Desta vez o cinema de acção americano recebe dois valentes bofetões bem assentes no focinho da Indonésia. The Raid é o melhor filme de acção dos últimos anos. Imparável, electrizante e inovador. Não poupa os espectadores das cenas mais bárbaras e até tem um história e tudo. Vamos então dissecar este bordoada-fest indonésio com tendência para o ocasional desmembramento e a decapitação acidental.
Um colega meu comentava comigo, acerca deste filme, que se calhar até é um documentário, devido ao realismo daquele banho de sangue. Mas o certo é que a Indonésia sacou um coelho da cartola com este The Raid. Às vezes há filmes que são bons nos país de origem, mas ninguem ouviu falar deles fora do seu circulo geográfico, mas desta vez saiu com bastante sucesso. Pessoalmente já não via assim um filme de acção há bastante tempo. Tão bom que me senti em 1988 frente à minha TV Grundig a ver um VHS que só se conseguia subornando o empregado do clube de vídeo.
A história roda em volta de um equipa SWAT que entra num prédio para apanhar um gangster mau como as cobras. O gancho emocional é trazido por um novato que está á espera de um filho e que nunca participou numa acção policial oficial. Verdinho mas duro de roer, como comprova o monte de cadáveres que deixa pelo caminho. Depois de umas voltas e reviravoltas na narrativa, a porca torce o rabo porque o rabo não consegue torcer a porca (if you know what i mean) e lá estamos nós com o coração nas mãos para ver se o nosso herói não se fode. O que seria daquela criancinha sem um pai? Daquela esposa sem um marido? Daquele filme sem um final feliz? E neste caso consideramos feliz como “não horrendo” ou “com a carnificina a ponderar mais para o dark side, não muito, apenas o suficiente”.
De acrescentar que este filme foi distribuído nos estados unidos com o título “The Raid Redemption” com a banda sonora substituída por música de um paneleiro qualquer dos Linkin Park. Eu vi com a banda sonora original e não me provocou nenhuma diarreia nem tosse convulsa, por isso não vejo qual o problema da música original. Imaginem A Carta de Manoel de Oliveira com o Pedro Abrunhosa a ser substituido por Bruce Springsteen. Bem, se calhar não é o melhor exemplo do mundo, mas vocês percebem onde quero chegar. Entretanto deve estar a chegar o remake americano. Não seria de todo descabido imaginar o Nicholas Cage como mau da fita, e aquele merdas que estraga os remakes todos (Colin qualque coisa) como chefe do pelotão. Como novato a aviar porrada como o vigor de um caixeiro do Lidl seria uma puto meio chinês que nunca ninguém ouviu falar e que depois iria cair no esquecimento, nas drogas e nos filmes softcore onde não se vê bem a gaita. Ou então o filho do Will Smith.
Devo ainda acrescentar que não tenho grande paciência para lutas muito longas, sejam artes marciais ou simples zaragata de bar. Neste filme, para o final, há uma ou duas demasiado longas para o meu gosto. Parece bailado, mas com tripas e pedaços de cadeira a atravessar a jugular.
Pequeno encaixe histórico: porque odiámos a Indonésia?
No início dos anos 90 andávamos todos em vigorosas manifs anti-Indonésia por causa da ocupação de Timor Leste, mais precisamente por causa do massacre no cemitério de Santa Cruz, que se não tivesse sido filmado a única coisa que existiria hoje da Timor Leste seria o petróleo. Andei nessa altura metido numa comissão qualquer anti-Ali Alatas apenas porque era composta maioritariamente por gajas e em terra de cegos que tem um olho é rei. Quem diz olho, diz outra parte da anatomia qualquer que pode ser apenas encontrada no sexo masculino ou, em raras ocasiões, em espécimes mais exuberantes do sexo feminino. Também pode ser encontrada abundantemente no sexo feminino, mas não a tempo inteiro. Apenas em curtos períodos de tempo, ou longos consoante o coeficiente de devassidão.
Uma vez um amigo meu comprou umas sapatilhas Puma feitas na Indonésia e só se livrou de um belo enxerto de porrada porque os gajos que lhe queriam bater não o apanharam porque eram gordos.
Hoje somos todos amigos. Afinal de contas o que são largos milhares de timorenses massacrados perante a perspectiva de bons negócios?
Nota final: texto não revisto. Pressa para sair de casa. Algum erro, comentários. Love you too!